Caio Amaral

What is story telling?

Contando histórias

Existe algo mágico em sentarmos juntos ao redor de uma fogueira e ouvir histórias. Não importar a idade de quem ouve, histórias tem o poder de nos conectar uns com os outros de forma que descrição analítica nenhuma consegue competir. A beleza dos momentos e das descrições nos encantam, e conforme ouvimos, mais nos envolvemos com o despertar de emoções e suspiros.

Assim como nossos pais faziam conosco quando éramos crianças, ou como autores de livros e filmes fazem até hoje.

How to tell stories é um termo da língua inglesa que representa nada mais do que o ato de contar histórias. Assim como nossos pais faziam conosco quando éramos criançås, ou como autores de livros e filmes fazem até hoje. Aliás, as histórias não se limitam mais ao entretenimento e estão por toda a parte. Elas ultrapassaram as fronteiras da literatura, televisão, cinema, teatro e videogames e estão ganhando espaço cada vez maior no mundo coporativo, seja nas estratégias de marketing, seja na comunicação interna.

Profissionais de todas as atividades estão aprendendo a contar histórias para criar, promover e até recuperar a confiança e a credibilidade das pessoas.

A importância das Histórias.

As histórias nos ajudaram a sermos quem somos, literalmente.

Várias pesquisas antropológicas sugerem que o fogo não apenas serviu para caçar e cozinhar. Uma das grandes revoluções que ele causou foi o fato de que ele cria um ambiente para interação social. Um cenário perfeito para as histórias. Ao longo de milhares de anos, nossos ancestrais ouviram histórias e isso possibilitou a perpetuação de tradições, novas dinâmicas sociais e o desenvolvimento da nossa imaginação. É fácil imaginar como nossa evolução nos levou a sermos amantes de boas histórias.

Esse apelo inerente faz com que histórias sejam excelentes veículos de informação. Idéias complexas e abstratas às vezes podem ser explicadas e compreendidas de maneira muito simples através de uma pequena história. Fábulas e parábolas são exatamente isso. Argumentar sobre a importância de trabalhar e guardar hoje dinheiro para o futuro nem sempre é tarefa fácil; convencer, menos ainda. Mas a fábula da formiga e da cigarra ensina de maneira muito simples e persuasiva a importância de se preparar para o inverno que está por vir.

Diante disso, não é de supreeender que o mundo corporativo esteja se valendo cada vez mais do storytelling. Quando uma empresa evolui sua comunicação, deixando de propagar mensagens simples e adota histórias, ela traz vários benefícios, como retorno em vendas, aumento de consideração e admiração por sua marca. E mais do que isso, os colaboradores também passam a conhecer melhor as estratégias da empresa, bem como o porquê delas, causando com isso um maior engajamento no suporte, na implantação e também na busca de perpetuação da organização.

Em um mercado competitivo como o de hoje, no qual a atenção do consumidor é constantemente disputa da, engajar o cliente se torna fundamental. Um especialista em tecnologia com um produto fantástico pode perder a chance de apresentá-lo ao cliente dependendo da abordagem. E nesse contexto, histórias são oportunidades empresas criarem uma comunicação mais humana.

A anatomia de uma história

Quando se trata de histórias não existem regras, apenas diretrizes. Há muitas maneiras possíveis de montar uma história, mas todas elas têm algo em comum: a intriga. Sabe qual é a história mais tediosa do mundo?

“Éra uma vez uma princesa num reino distante. Ela conheceu um belo príncipe, eles se apaixonaram e viveram felizes”.

💡 Sem tensão, problemas altos e baixos, a história se torna chata.

Isso de certa forma resume muitas histórias de príncipes e princesas, mas o que aconteceu aqui? Sem tensão, problemas, altos e baixos, a história se torna chata. Com a breve descrição acima elimina esses elementos, a história imediatamente deixou de ser interessante.

Para evitar que isso aconteça com a sua história, aqui estão alguns exemplos de estruturas narrativas.

Três atos (A formula de Hollywood)

A formula ensinada em escolas de roteiro em Hollywood e no mundo se baseia numa idéia simples que remete a Aristoteles: Uma boa história tem começo meio e fim.

Começo (Ato I)

Introduz o problema do personagem principal, posicionando o espectador no drama ou mesmo na ação da história. O pano de fundo ou qualquer evento secundário ou menor pode ser apresentado posteriormente. O Objetivo aqui é fisgar a atenção da plateia.

Meio (Ato II)

Aqui o foco são os obstáculos que estão entre nosso herói e a solução do problema, apresentado no ato anterior. Geralmente são uma série de obstáculos que nosso herói precisará de toda sua habilidade coragem e força de vontade para ultrapassar. A tensão dramática de nossa história está bem aqui.

Final (Ato III)

A história termina quando o problema introduzido no primeiro ato é resolvido. O personagem frequentemente encara e supera cada obstáculo no segundo ato, atingindo seu objetivo.

Método IDEO e os pontos de Virada

Os três atos são uma boa estrutura narrativa, mas eles ocultam um importante elemento que é o ponto de virada. Os pontos de virada são momentos que a história inicia uma mudança de rumo e causa intriga. Normalmente isso acontece em dois momentos. No final dos atos I e II.

Assim a IDEO, empresa de design que presta consultoria na área de inovação e que propaga o conceito de Design Thinking desde 2009, propõe uma abordagem um pouco mais completa

Exposição

Como no ato I, apresenta o personagem e o contexto da trama.

Complicação

Ponto de virada. O público é introduzido ao problema

Climax

O momento em que o protagonista se encontra na hora mais escura da história e o desafio está no ponto máximo.

Reversão

Segundo ponto de virada. Este é o momento em que o protagonista superou o desafio e está explicando os desdobramentos disso.

Inércia

Conclusão da história, momento em que a mensagem principal é reforçada.

Monomito ou Jornada do Herói

De todas as estruturas narrativas, talvez a mais famosa seja a jornada do herói. Segundo Campbell, lendas e mitos no mundo inteiro compartilham de uma estrutura de história à qual foi dado o nome de “monomito” ou “jornada do herói”

Na jornada do herói, um personagem fictício deixa sua comunidade e embarca em uma jornada perigosa geralmente para recuperar algo ou alguém pelo qual tem muito apreço. Vogler criou um molde cujos doze passos podem ser ultilizados para escrever uma história de sucesso e aplicam-se à jornada do herói

Mundo Comum

O mundo normal do herói antes da história começar. Elementos do cotidiano são introduzidos. Trata-se de um dia como outro qualquer.

O Chamado da Aventura

Um problema se apresenta ao herói - um desafio ou aventura. Um novo mundo surge e nosso herói é convidado e embarcar nele.

Relutância do Herói / Recusa do Chamado

O herói se recusa ou demora a aceitar o desafio ou aventura, seja porque tem medo ou por questionar sua capacidade

Encontro com o mentor

O herói encontra um mentor e recebe informações fundamentais para sua busca, fazendo-o aceitar o chamado. O mentor treina seu pupilo para sua aventura

Travessia do primeiro Limiar

O herói embarca na jornada, comprometendo-se com a aventura, abandonando o mundo comum para entrar no mundo especial. Em geral aqui termina no primeiro ato.

Provações, Aliados e Inimigos.

O herói enfrenta uma séria de desafios vencendo diversos obstáculos encontrando aliados e inimigos. A ação, aventura e tensão estão bem aqui. Geralmente marca o inicio do segundo ato.

Aproximando da Caverna oculta

Mais desafios permeados por um período de maravilha complementar ou puro terror.

Provação

Este é o maio de todos os desafios até o momento, nosso herói enfrenta seu Mário medo, a morte é uma possibilidade real. Trata-se de um momento de tensão para o espectador, que fica em suspense incerto pela possibilidade de morte do protagonista.

Recompensa

O herói enfrentou a morte, venceu seus maiores medos, venceu o vilão e agora recebe seu elixir. Aqui encerra o segundo ato.

Caminho de Volta

Nosso herói começa sua viagem de volta ao mundo comum. Iniciando o terceiro ato.

Ressureição

Outra prova em que o herói novamente enfrenta a morte e precisará usar tudo que aprendeu ao longa